segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Mudar de país com filho(s)

Oi gente... Feliz 2016 para todos!
Que esse seja um ano maravilhoso, cheio de desafios e superações!

E pra mim já está sendo um ano feliz, afinal temos novidades no Blog... Convidadas e mais convidadas, escrevendo suas experiências aqui pra gente! Nada melhor, né!

O primeiro post do ano é a Luciana Piccablotto (ou, Lú!). A Lú e eu nos conhecemos quando ainda fazíamos parte do mundo Corporativo... e desde lá estamos sempre compartilhando algo. No ano passado comecei a ver uma movimentação de "família vende tudo" no facebook da Lú e como sou curiosa logo perguntei... "Lú, o que está acontecendo, você está indo embora?" e a resposta foi... "sim, estou indo morar no melhor lugar do mundo"...

Ficou curiosa???!?!?!?!? Bom, chega de falar... deixa a Lú contar pra vocês esse processo todo.

Obrigada Lú pelo post, ficou demais e com certeza irá ajudar muitas mamães por ai.

Pessoal, pra quem quiser falar com a Lú, seguem os contatos:
LUCIANA PICCABLOTTO
E-mail: luciana.piccablotto@gmail.com
IG Instagram: @lucasemorlando

Curtam e acompanhem a Lú...

Beijos e bom post! Até a próxima!!!


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Mudar de país com filho(s)


Residência Nova


Dia desses reli um texto: ‘’ É preciso ir embora”. Basicamente ele fala que é preciso se libertar, deixar ir embora tudo o que não está indo bem; ou no meu entendimento,  o que está precisando amadurecer. O texto cita que devemos ir embora da casa dos pais, de relacionamentos, de emprego...
Mas e o que isso tem a ver com ‘’Morar fora’’?
Bom, é que este texto começa falando sobre a despedida de uma pessoa que irá viajar para um intercâmbio e, então, é feita essa análise do ‘’ir embora’.
Neste texto me dei conta que fui embora algumas vezes de algumas coisas. E você também deve ter ido. Quem nunca saiu de um relacionamento que ‘’não vai pra frente’’; ou se mudou da casa dos pais? Eu fui embora do emprego e também já fui embora para um intercâmbio na Espanha -  uma experiência de amadurecimento, medo, liberdade, de autoconhecimento, de força, de gratidão por tudo aquilo que eu estava vivendo...
Meu intercâmbio foi de seis meses e eu tinha 23 anos. Voltei para o Brasil com uma certeza: Vou morar fora de novo. Vou embora.
Hoje tenho 30 anos e, dos 23 até hoje, muitas coisas aconteceram: Intercâmbio (com muitas viagens – mochileira!), saí de um relacionamento, entrei em outro, me formei no segundo curso de graduação, noivei, casei, tive um  filho ( quese chama Lucas e está com 2 anos ) e, sempre alimentando a vontade de morar fora de novo. E aí, aos meus 30 anos, isso se tornou realidade -  meu marido optou por uma transferência para os EUA. Uhu!
Dentre as opções, decidimos por Orlando por algumas razões: não neva, é um lugar ‘’acostumado’’ com imigrantes e, é turístico, o que pensamos que pode sere um empurrãozinho para  recebermos visitas, já que também não é uma viagem muito longa.
Bom, mas agora eu tenho 30 anos e um filho de 2, e aí, como vai ser? Dessa vez, nada de ser mochileira!
 
Conversa daqui, dali e, concluímos que o Lucas seria o menos impactado por essa mudança, pois, dentre outras coisas, ele não está na fase da adolescência, com muitos vínculos no país de origem. Ele ainda nâo fala com fluência o português e o novo idioma será aprendido de forma natural quando começar a frequentar a escola ( e ele já estava em uma escolinha bilíngue no Brasil). Então, sendo assim, bora arrumar as malas! Não! Espera! É preciso contar para a minha mãe (avó materna do Lucas). Essa foi a parte mais difícil e dolorida da história, com direito a passar mal de ansiedade até chegar a hora certa de contar. É que minha mãe, ainda ‘’não foi embora’’ de algumas coisas e, é muito apegada ao Lucas. (obs.: neto único de filha única).
Com todos os documentos prontos para a mudança, contei para a minha mãe. Foi todo aquele ‘’chororô´´, bem italiano, mas foi! Ufa!
Eu preciso ‘’ir embora’’ e seguir minha vida com a minha família e, isso não era motivo para eu me sentir culpada por nada.
Estamos há pouco mais de um mês aqui nos Estados Unidos (completaremos 2 meses em meados de Janeiro). Moramos em uma região afastada dos turistas, em um condomínio lindo com campos de golfe. Uma casa enorme (comparada ao meu apartamento em São Paulo, deve caber uns 3 ou 4 nessa casa!). Muito verde, bichinhos passando pelo fundo da casa.. 
E o Lucas? Aaah o Lucas...
Ele já foi percebendo a movimentação para a mudança antes mesmo de viajarmos. Estávamos vendendo nossas coisas e ele reparava, sentia falta. Sentiu falta do quadro de fotos do quartinho dele, do violão do pai que ficava pendurado na parede do escritório, do carro da mamãe....(até hoje quando ele vê o símbolo na rua ele fala – Ó! Carro mamãe! – como pode né? Que memória!). Essa movimentação toda afetou o sono dele (acredito eu), pois, passou a acordar com muita frequência nas madrugadas. Na escolinha, ficou um pouco mais manhosoquerendo mais a chupeta e a naninha – também neste ponto, acredito que tenha sido a insegurança causada por não ver mais as coisas que ele estava habituado em casa, além de nossa atenção estar voltada para resolvermos a nossa saída do país, e ele sentiu! Hoje, aqui nos EUA ele tem dormido normalmente, e usado a chupeta e naninha somente para dormir.
Ele saiu da escolinha uma semana antes da nossa viagem e isso doeu muito em mim. Aqui nos EUA, ele ainda nâo tem contato diário com crianças e fica o dia todinho com essa mãe que vos escreve. Tarefa nada fácil... Para completar, Lucas está nos Terrible TwoApesar das fofurinhas, ele tem seus ataques de fúria. Quem é mãe sabe do que estou falando. Ou já passou por isso, ou, já leu a respeito. Para quem não teve contato com este mundo materno, de forma bem resumida e sem aprofundamentos, Terrible Two é uma fase do desenvolvimento, onde caracteriza-se por mudança frequente de humor, birras e, é a fase onde eles falam ´´não´´ pra tudo. É uma fase em que eles desejam conquistar independência (vejam só, com 2 anos!!!!)
Assim como eu já havia notado nas últimas férias escolares (ainda em São Paulo), quando ele está entediado, ele pede muita água e comida (o tempo todo). Então estou sempre em alerta para conter esse impulso dele. Aqui, comprei várias bobeirinhas para interagirmos: giz, papel colorido, palitinhos, cola, adesivos, e assim temos mantido algumas horas de entretenimento e contato com alguma atividade ‘’artística’’ (sem televisão), além de caminhadas diárias pelo condomínio. Nos EUA, as escolinhas para idade dele - Day Care - são pagas (e caras), mas,  pretendemos colocá-lo ao menos duas vezes na semana para que ele tenha contato com crianças.
Sobre a mudança propriamente dita:não notei grandes mudanças de comportamento a respeito do Lucas (pós mudança física), a não ser o que já citei: de acordar durante a madrugada e ficar mais manhoso antes mesmo da viagem. O restante que ele tem passado (Terrible Two), é natural da fase que ele se encontra, e aconteceria aqui ou em São Paulo.
Para mim, essa fase do Lucas acho que  é a parte mais difícil para todos nós nessa mudança (mas, não é ocasionada pela mudança de país em si). Para ele por estar nessa fase de não saber controlar ou distinguir seus sentimentos de raiva, ansiedade, tristeza, etc., juntando com uma casa nova, onde as coisas que eles estava habituado, não existem mais. Para nós(pais), porque aqui só temos a nós mesmos. Não dá pra recorrer ao tio, padrinho, avó, para tirar umas horinhas de descanso.
Mas ainda estamos no começo de tudo isso, tanto da mudança de país, como dessa nova fase do Lucas, e o que me anima é que essa fase vai passar!
Dessa minha experiência pessoal e, conhecido outras famílias com filhos mais velhos, concluo que: mudar com filhos não é impossível, mas cada idade vai nos colocar num desafio. O meu é este: entretê-lo e acalmá-lo nos momentos de fúria, tentar mostrar pra ele o que ele está sentido, por que e amenizar esse sofrimento.Pais com filhos mais velhos são desafiados na adaptação da criança, afinal, a mudança foi uma imposição dos pais, e as crianças, ou adolescentes, geralmente querem voltar para o seu país de origem devido aos seus vínculos: pelo ciclo de amigos, ou por namorada(o), ou porque estão inseguros (e isolados) pelo novo idioma – o que não acontece na idade do Lucas. E por isso, no início do texto, citei que o Lucas não seria muito impactado por essa decisão de mudança de país.
Enfim, filhos já são uma mudança brusca em nossas vidas. Acho que a mais complexa de todas. Estamos sempre ‘’indo embora’’ de alguma coisa por eles. Mudar de país com eles, é desafiador, mas também É por eles. Essa decisão geralmente é tomada com base nos filhos, numa busca por um lugar mais seguro e uma melhor educação (tanto de escola, quanto de vida), tudo por eles! E passaremos todos os desafios tentanto amenizar os impactos, seja uma criança de 2, de 5, 12, 15 anos, tudo para vê-los bem no agora e no amanhãApostamos nisso! 
No final das contas, confio que o balanço vai ser positivo, e daqui uns anos, quem sabe eu volto para contar pra vocês o rumo que as coisas tomaram, e o que colhemos com essa decisão de mudarmos de país.



Post by - Luciana Piccablotto

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